Vizualizar Versão Completa : Portabilidade: 0,3% dos usuários atendidos solicitaram troca em 2008


felipe MP
08-01-2009, 12:31 PM
Em quatro meses, 180.144 pessoas solicitaram a suas operadoras de telefonia o benefício da portabilidade numérica. O interesse dos brasileiros parece pequeno quando se compara o número de pedidos ao total de 60 milhões de usuários que, até dezembro de 2008, podiam mudar de operadora e manter o número de telefone.

Isso significa que 0,3% dos clientes das empresas de telefonia fixa e móvel nas regiões que contam com a portabilidade fizeram a solicitação para trocar de prestadora de telecomunicações.

Um estudo da consultoria IDC que analisou a adesão à portabilidade em países do Leste Europeu mostra que, em nações onde a portabilidade foi implantada entre um e dois anos atrás e as taxas de penetração são da ordem de 1%.

Fernando Faria, analista sênior para Américas da consultoria Pyramid Research, revela que na Espanha, um dos países onde a portabilidade teve maior força, o porcentual de números portados chegou a 22% do total apenas no sexto ano após a implantação da portabilidade. Na Itália, o índice chegou a 18% no mesmo período. "A adoção no Brasil, para mim, é pequena, mas dentro do esperado", analisa Faria.

José Moreira, presidente executivo da ABR Telecom - entidade que gerencia a portabilidade, diz que está havendo um crescimento gradual no número de solicitações à medida que a portabilidade chega a cidades com maior densidade populacional e de usuários de telefonia.

A expectativa de Fausto Okazaki, diretor de tecnologia da consultoria Mobile Science, é que a partir de março o volume de pedidos cresça. "O número que temos hoje é bem tímido e não reflete muito o que a gente tem visto nas informações de que o setor de telefonia tem o maior número de reclamações [nos órgãos de defesa do consumidor]", acrescenta.

As duas metrópoles do País, Rio de Janeiro e São Paulo, bem como o Distrito Federal, Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG), aparecem nas últimas etapas de implantação do benefício. O DDD 11, por exemplo, receberá a portabilidade numérica no dia 02/03, último dia do processo, quando os mais de 147 milhões de celulares e 34,6 milhões de telefones fixos em serviço no País estarão cobertos.

"Ao comparar a média diária de setembro, quando começou a portabilidade, e hoje, vemos que houve crescimento no número de solicitações por dia, o que nos leva a projetar que com, entrada dos grandes centros, a tendência é de crescimento", concorda Moreira.

Além do avanço sobre cidades com maior população e usuários de telefonia, o executivo acredita que uma maior divulgação da portabilidade poderá aumentar o número de interessados em mudar de operadora e manter o número.

"Naturalmente, nos dois próximos meses, principalmente com a entrada de grandes capitais, como Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília, haverá uma divulgação maior", pondera.

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) obriga as operadoras de telecomunicações a realizar a divulgação da portabilidade numérica, por meio de publicidade em meios de comunicação de massa, incluindo rádio, televisão e jornais de grande circulação, quando todo o País estiver coberto pela portabilidade. Isso acontecerá em 02/03.

"Tudo depende muito da divulgação que as operadoras vão fazer", acrescenta o diretor da Mobile Science, que realizou um estudo sobre a qualidade da telefonia móvel em São Paulo. "Acho que o usuário final será bastante beneficiado, mesmo que não realize a portabilidade, porque veremos um grande aumento na agressividade dos planos de retenção".

Faria prevê que o número de solicitações e de telefones portados deve subir após a entrada dos grandes centros brasileiros, mas não imagina uma explosão da portabilidade no País. "Não projetaria nada acima de 2% para 2009 no mercado brasileiro", estima.

"Olhando para mercado mais maduros, o que constatamos é que existe a movimentação da portabilidade, mas não ela chega a ter um forte impacto para as grandes operadoras", completa Estela Vieira, líder da área de telecom e sócia da consultoria PriceWaterHouseCoopers.

creditos: computerworld