Vizualizar Versão Completa : Tela de toque é arma para ganhar mais mercado


felipe MP
04-12-2008, 01:47 PM
Tela de toque é arma para ganhar mais mercado

Nesta temporada de festas, os fabricantes de celulares e operadoras de telefonia móvel estão alardeando brinquedos reluzentes: novos celulares dotados de telas de toque semelhante à usada no iPhone, da Apple.

http://img.terra.com.br/i/2008/12/04/928540-3927-it2.jpg (http://img.terra.com.br/i/2008/12/04/928540-3927-it2.jpg)
Celulares com tela de toque como o Omnia (esq.) e o iPhone (dir.) disputam o mercado.


As empresas esperam reproduzir o imenso sucesso do iPhone com modelos que, em seu vítreo minimalismo, acabam sendo bem parecidos com o rival. Entre eles estão o G1, acionado pelo software Android, do Google; o Instinct, da Samsung; o Dare, da LG; e, mais recentemente, o muito aguardado BlackBerry Storm da Research in Motion.

Mas os consumidores estão de olho em seus saldos bancários, e analistas e especialistas setoriais dizem que a maioria dos celulares com telas de toque enfrentará dificuldades para encontrar espaço na lista de presentes desta temporada de festas.

A enxurrada de aparelhos com telas de toque é uma conseqüência da introdução do iPhone, para a rede da operadora AT&T, em junho de 2007. Isso deflagrou uma corrida entre os operadoras concorrentes para oferecer aparelhos e serviços comparáveis.

"O que estamos vendo agora é a primeira onda de concorrentes estimulados pela tempestade de mídia deflagrada pelo iPhone", disse Ed Snyder, analista do setor de telecomunicações na Charter Equity Research. Snyder disse que quando o entusiasmo da mídia pelo iPhone disparou, "não sobrou um executivo respeitável no setor de telefonia móvel que não estivesse propondo um projeto de aparelho com tela de toque".

Desde seu lançamento, o iPhone só está disponível nos Estados Unidos para a rede da AT&T, e isso ajudou a operadora a conquistar usuários de suas rivais.

As operadoras de telefonia móvel estão se concentrando em reter assinantes tanto quanto em conquistar novos usuários, diz Charles Golvin, analista da Forrester Research. Parte dessa estratégia, disse Golvin, é a oferta de vantagens como "pré-vendas" exclusivas de novos modelos procurados aos atuais assinantes.

Os consumidores de celulares dizem que as assinaturas e as operadoras influenciam muito suas decisões sobre celulares. "Estou certo de que meu próximo aparelho terá tela de toque", diz Vernon McIntosh, personal trainer de Nova York e assinante da AT&T.

McIntosh foi a uma loja da Verizon na semana passada e diz que está para decidir entre um iPhone e um BlackBerry Storm. "Mas a AT&T não está me oferecendo vantagens caso eu troque de aparelho", ele diz. "Talvez saia mais barato trocar de operadora".

Para ajudar a despertar o entusiasmo quanto ao lançamento do Storm, a Verizon Wireless começou a veicular uma campanha publicitária em outubro que se concentrava em um dos traços marcantes do produto: uma sensação táctil distinta quando a tela do aparelho é pressionada - como se isso provocasse um "clic".

O Storm, que sai por US$ 200 (cerca de R$ 485) com a inclusão do desconto promocional oferecido pela assinatura de um contrato de serviço de dois anos, vai atrair a base existente de usuários dedicados do BlackBerry, e parece estar fazendo sucesso.

No dia em que ele seria colocado à venda, 21 de novembro, havia filas de compradores à espera do aparelho diante das lojas da Verizon, e os estoques de muitas delas logo se esgotaram.

Um funcionário de uma loja da Verizon em uma loja na região central de Manhattan disse na sexta-feira que nenhuma loja da empresa em Manhattan tinha o Storm em estoque, mas que os compradores ainda assim estavam fazendo pedidos. O mais cedo que eles podem esperar seus aparelhos é o dia 15 de dezembro, segundo o funcionário.

Nancy Stark, porta-voz da Verizon, disse que não poderia fornecer dados sobre vendas ou estoque do Storm, mas informou que o modelo se havia tornado "nosso celular de venda mais rápida até hoje".

Os modelos de telas de toque que sairão em seguida pela Verizon são o HTC Touch Pro, de US$ 350 (aproximadamente R$ 850), já disponível, e o Samsung Omnia, US$ 249 (R$ 600), que está à venda pela Internet e chegará às lojas na semana que vem.

Há quem critique os celulares dotados de telas de toque. Snyder diz que as telas grandes devoram bateria e que os aparelhos requerem que o usuário olhe para a tela, em lugar de distinguir os botões do celular pelo tato.

"Você tem muitos recursos adicionais, mas é obrigado a ficar parado e olhar para o telefone, quando o motivo original para adquirir um celular era se mover com ele", disse o analista. "Poucos usuários estarão dispostos a pagar mais pelas capacidades adicionais".

"O entusiasmo de mídia com a tecnologia de telas de toque supera de longe o impacto real que elas terão", ele afirma.

Os celulares com telas de toque representam uma pequena proporção do mercado geral de celulares, mas suas vendas estão em forte alta. Nos últimos 12 meses até setembro, suas vendas na América do Norte aumentaram em 130%, ante 4% para o mercado como um todo, de acordo com a comScore M:Metrics, uma empresa de pesquisa de mercado.

Até setembro, seus dados demonstram, mais de 2,6 milhões de pessoas nos Estados Unidos tinham algum modelo de iPhone. O segundo mais popular entre os modelos com telas de toque era o LG Voyager, disponível pela Verizon Wireless, com 851 mil usuários.

Os modelos dotados de telas de toque tendem a custar centenas de dólares, e isso pode prejudicar a venda em meio a uma desaceleração econômica. A operadora Sprint está enfrentando a salva de modelos de alto preço dos rivais com uma nova campanha de marketing na qual enfatiza a economia que seus aparelhos e planos oferecem.

Ev Gonzalez, diretor de marketing de aparelhos da Verizon Wireless, diz que a empresa reconhece que nem todo mundo vai desejar as telas de toque. Ele afirmou que os planos da empresa para lançar esse tipo de aparelho são limitados.

"Há consumidores que desejam serviços de telefonia, simplesmente", disse Gonzalez. "E, nos casos em que uma tela de toque não se provar necessária, nós não a ofereceremos".